Relatório de avaliação do Gestar II
Vivemos hoje num mundo competitivo, onde a criatividade e a inovação precisam estar presentes no nosso trabalho. E para conseguirmos tais criatividades e inovações precisamos investir em nossa formação profissional. O programa de formação continuada Gestar II, trouxe este olhar diferente e apontou o quanto precisamos inovar em nossas salas de aula, uma vez que buscamos alunos mais participativos e criativos. Alunos que façam uso, de fato, da linguagem como instrumento de comunicação. E consigam através dela expressar seu pensamento e interagir diante das diversas situações vividas no dia-a-dia.
No ano de 1999 terminei minha especialização
Como tutora do programa no município de Juina, sinto-me bastante realizada, pois aprendi muito com este curso e acredito que minha prática pedagógica será totalmente diferente ao retornar à sala de aula no próximo ano.
Tivemos grandes dificuldades no desenvolvimento do programa. Na primeira semana de formação em Cuiabá as nossas dúvidas e anseios não foram contemplados. Até o meio do ano ficamos sem orientação do professor formador da UNB, só tivemos auxílio no segundo semestre quando houve a troca de orientador.
No nosso município não tivemos a presença do coordenador municipal do programa, o único apoio foi da gestão e coordenação do CEFAPRO que sempre estiveram atuantes.
As escolas no início não entenderam a proposta do programa e demonstraram muita resistência no fornecimento de materiais didáticos para a realização das atividades. Após muito diálogo com diretores e coordenadores das unidades escolares conseguimos diminuir esta problemática.
No início os professores tiveram dificuldades em adaptar seu planejamento de ensino à ementa curricular do programa, foi necessário muito estudo para fazer as adaptações necessárias no currículo. Em relação aos TPs tivemos dificuldades no desenvolvimento das atividades pelos cursistas, devido ao tempo escasso para o estudo das unidades e preenchimento das questões. Diante disso tivemos que fazer modificações referentes ao estudo destes cadernos, cobrando apenas as leituras e o desenvolvimento das lições de casa.
Em relação às oficinas concluímos, junto aos professores cursistas, que foram interativas e as atividades de maior rendimento foram as que oportunizaram aos professores desenvolver planejamentos de aula para posteriores aplicação em sala.
Segundo relato dos professores cursistas o material é rico em discussões teóricas e em atividades criativas e inovadoras. Constatamos através dos portfólios que os alunos desenvolveram essas atividades com muito entusiasmo e percebemos também mudanças significativas na aprendizagem desses alunos. Em todas as oficinas ouvimos os professores dizerem que os alunos gostavam muito de realizar as atividades dos TPs e dos AAAs e reclamavam quando o professor não trabalhava com atividades motivadoras, como as oferecidas pelo Gestar II.
A maioria dos professores pontuou em seus relatórios de avaliação do programa que as atividades abordadas no material foram muito utilizadas durante as aulas, às vezes algumas precisavam de adaptações, mas todas foram possíveis de trabalhar em sala.
Aqui em Juína iniciamos o programa com 26 cursistas e finalizamos com 21. As desistências foram por motivos diversos, como: distrato de professores, licença médica, difícil acesso e desinteresse pelo programa.
Durante os meses de aplicação do programa tivemos a oportunidades de visitar as 15 escolas contempladas e pudemos vivenciar as dificuldades de letramento no chão da escola. Os professores contemplados pelo programa, maioria, são iniciantes no magistério. E o curso veio atender necessidades básicas de formação. Ouvimos nos relatos de que o conteúdo estudado na faculdade não permitiu ao professor subsídios necessários para uma aula prática. E o programa Gestar II permitiu ao professor vivenciar a teoria e, concomitantemente, a prática. Estes são aspectos positivos do curso, uma vez que aproveitou o conhecimento do professor e o fez valorizar suas experiências.
No entanto, penso que o curso deveria nos ter propiciado momentos de estudo com o grupo de Matemática. Hoje falamos tanto de interdisciplinaridade, mas não tivemos condições de oferecer aos professores cursistas esta troca de saberes. Os grupos estudaram em dias diferentes e não foi possível organizá-los para elaborarmos o currículo de forma integrada. Acredito ser necessário, em novas etapas de formação, o planejamento de encontros assim. Outro aspecto falho do curso foi a correria para o estudo de todo o material. Em dez meses concluímos uma formação de dois anos. Isso prejudicou a qualidade do curso. Porém, discutimos com os professores, o tempo todo, da necessidade de continuidade da metodologia abordada pelo Gestar, que na área de linguagem, toma o texto como unidade de ensino, assunto já discutido nos PCNs desde 1996.
Esperamos que aconteçam, permanentemente, formações continuadas como as oferecidas por este programa. Pois é através do estudo contínuo que melhoramos nossas ações pedagógicas e podemos oferecer aos alunos condições de desenvolver sua cidadania, e enquanto usuários da Língua Portuguesa, compreendê-la e estudar com prazer, deixando de lado os estereótipos de que se trata de uma disciplina difícil e abstrata.
Profª tutora:
LUCIANA LEDO PERES RUIS