Estilística:
Quantas vezes você já ouviu ou proferiu a palavra estilo?
1. Comumente pode ser o modo pessoal de fazer algo;
2. O conjunto de características de um objeto, de uma época;
3. Elegância no jeito de se comportar ou se vestir.
“estilo de vida”, “estilo moderno”, “ter ou não estilo”.
No domínio da linguagem, o entendimento do que seja estilo não é tão simples. Muitas são as tentativas de explicar ou definir estilo.
· O estilo é o resultado de uma escolha dos meios de expressão realizada pelo falante; nesse caso, é a expressão de uma experiência individual;
· O estilo liga-se às intenções do falante, ao efeito de sentido que ele quer produzir;
· A emoção e a afetividade estão presentes no estilo.
“E a Gramática?”
“O que tem a ver com Estilística?”
Estilística não se confunde com Gramática.
Em um ato de fala, o falante tem à sua disposição o material organizado, isto é, a língua, e sua própria expressão, ou seja, a linguagem.
A língua não é uma criação individual, subjetiva, mas a linguagem permite um grau de liberdade que se manifesta no estilo, no idioleto, isto é, na língua de cada indivíduo, com o conjunto de marcas pessoais que constituem sua fala.
A Gramática estuda os elementos da língua, enquanto a Estilística estuda a linguagem que se cria com esses elementos.
Qual a diferença entre estilo e variante linguística? Ou melhor:
Qual a diferença entre estilo e dialeto, se ambos são marcados por traços diferenciadores no universo da linguagem?
Segundo alguns teóricos, a diferença está na intenção do indivíduo no momento da fala. Se esta contém uma carga de expressividade, porque o falante deseja manifestar ou transmitir emoção naquele ato de fala específico, esse fato é matéria da Estilística.
Se, ao contrário, certo indivíduo tem como característica permanente uma forma particular de uso da língua, esse fato constitui um idioleto e não pertence à área da Estilística, mas da Linguística.
A Estilística estuda os valores ligados à sonoridade, à significação e formação das palavras, à constituição da frase e do discurso.
A Estilística estuda os valores ligados à sonoridade, à significação e formação das palavras, à constituição da frase e do discurso.
Você já percebeu que algumas brincadeiras com palavras são o resultado da combinação de sons?
Tente repetir em voz alta, sem “engasgar”, esta sequência:
Três pratos de trigo para três tristes pobres tigres.
Num ninho de mafagafos,
Seis mafagafinhos há;
Quem os desmafagafizar
Bom desmafagafizador será.
Os sons da língua podem provocar sensações ou sugerir impressões. Não só os poetas e escritores lançam mão desse recurso em suas obras, mas também nós, usando no dia-a-dia a linguagem comum, recorremos aos sons da língua para expressarmos nossa emoção e afetividade.
Alguns recursos Estilísticos:
Aliteração
Assonância
Rima
Ritmo
Métrica
Onomatopéia
ESTILÍSTICA DA FRASE E ENUNCIAÇÃO:
A frase é a unidade do texto que, no contexto em que aparece, apresenta uma unidade de sentido. Na linguagem oral, a entoação permite transformar uma palavra
Enunciação é um ato de produção de
significados, isto é, de entendimento na interação comunicativa, que envolve interlocutor falante - interlocutor ouvinte.
A enunciação produz o enunciado, que traz as marcas da situação, do contexto sócio-histórico, do locutor, do receptor, do referente envolvidos no ato de comunicação verbal.
DISCURSO DIRETO, DISCURSO INDIRETO E DISCURSO INDIRETO LIVRE:
Na loja de tecidos, o cliente perguntou:
Quanto custa o metro deste tecido?
- Nesse momento estamos numa promoção, disse o vendedor, pegando a bobina de tecido. Quanto mais o senhor levar, mais barato fica...
- Então vai desenrolando até ficar de graça!...
Na loja de tecidos, o cliente perguntou quanto custava o metro de um tecido.
O vendedor, pegando a bobina de tecido, disse que naquele momento estavam numa promoção e que quanto mais o cliente levasse, mais barato ficaria.
O cliente então pediu que o vendedor fosse desenrolando a bobina até ficar de graça.
Na passagem do discurso direto para o indireto, são necessárias várias alterações, como:
* Eliminação de dois pontos e travessão ou outros sinais de pontuação;
* Inclusão de palavras que estabelecem relações no próprio contexto lingüístico: de um tecido, em vez de daquele tecido;
* Substituição da 1ª pessoa pela 3ª;
* Substituição das expressões de tempo (e de lugar) correspondentes ao ato de enunciação, como nesse momento por naquele momento;
* Alteração dos tempos e modos verbais para se adequar ao contexto lingüístico, como custa / custasse, estamos / estavam, levar / levasse....
O discurso indireto livre torna mais fluente a narrativa e permite ao leitor penetrar na alma da personagem, cujos pensamentos se tornam visíveis.
Coerência textual:
No texto coerente, não há nenhuma parte que não se relacione com as demais.
Todos os elementos do texto devem ser coerentes.
Vamos mostrar três níveis em que a coerência deve ser observada:
1) COERÊNCIA NARRATIVA;
2) COERÊNCIA FIGURATIVA;
3) COERÊNCIA ARGUMENTATIVA
EXEMPLO DE INCOERÊNCIA NARRATIVA:
-Incoerência narrativa é quando relata algo que o sujeito não tinha competência para realizar:
“Lá dentro havia uma fumaça formada pela maconha e essa fumaça não deixava que nós víssemos qualquer pessoa, pois ela era muito intensa.
Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho, fiquei encostado na parede da sala e fiquei observando as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, amarelas, altas, baixas, etc.”
Prof.ª Diana Luz Pessoa de Barros. In: Platão & Fiorin – Para entender o texto.
Nesse caso, o sujeito não podia ver e viu. O texto tornar-se-ia coerente se o narrador dissesse que ficara encostado à parede imaginando as pessoas que estavam por detrás da cortina de fumaça.
Coerência figurativa:
É a articulação harmônica das figuras do texto, com base na relação de significado que mantêm entre si.
As várias figuras que ocorrem num texto devem articular-se de maneira coerente para constituir um único bloco temático.
Todas as figuras que pertencem ao mesmo tema devem pertencer ao mesmo universo de significado.
Por ex: Suponhamos que se queira mostrar a vida no polo Norte. Para isso podemos usar palavras como “neve”, “trenós”, “pessoas vestidas com roupa de pele”. O que não se pode é usar palavras como “palmeiras”, “cactos”, “camelos”, “estrada poeirentas”.
Coerência argumentativa:
Quando se defende um ponto de vista deve sustentá-lo até o término da produção textual.
Ex: Se o texto parte da premissa de que todos são iguais perante a lei, cai na incoerência se defender posteriormente o privilégio de algumas categorias não estarem obrigadas a pagar impostos de renda.
A coerência textual tem a ver com a “boa” formação de um texto, ou seja, com a possibilidade de articular as informações trazidas pelo texto com o conhecimento que os interlocutores já têm da situação e do assunto. Se essa articulação for muito difícil ou mesmo impossível, a coerência fica prejudicada ou não se estabelece.
A coerência de um texto não depende apenas da realidade das coisas e do
mundo; coerência é uma característica que pode ser construída também na imaginação, nas possibilidades de “recriar”, por meio de imagens, um princípio de interpretabilidade, um fio condutor para a leitura e a interpretação do texto.
Para o estabelecimento da coerência textual contribuem fatores não estritamente linguísticos, tais como o contexto situacional, os interlocutores em si, suas crenças e intenções comunicativas, o relacionamento social entre eles, além da função comunicativa do texto.
A situação sócio-comunicativa – que define gêneros textuais – fornece critérios relevantes para as decisões sobre a coerência de um texto. Por isso, a coerência também depende do gênero de um texto.
Quando lemos um texto, vamos construindo expectativas a respeito do que virá, em seguida, compondo as imagens que fazemos, como leitores, do mundo textual que esse texto nos propõe.
O equilíbrio entre as informações que já são de conhecimento prévio do leitor e as informações novas que o texto pretende trazer é muito importante para a inteligibilidade do texto.
Se as informações forem predominantemente novas, o leitor terá dificuldade em combiná-las com o que já sabe sobre o tema.
Se as informações forem predominantemente conhecidas, o texto poderá não ter razão de ser por excesso de redundância.
Enfim, é pela coerência textual que se vê – e se faz – a diferença entre um mero amontoado de palavras e um texto.