OBJETIVOS:
— Rever e sistematizar as informações essenciais em torno do uso do texto no ensino da língua ( incluindo a intertextualidade).
— Avaliar a prática docente, com relação a atividades ligadas à leitura e à produção de textos.
TP1 e AAA1/ Unidade 03 e 04
Unidade 3: O texto como centro das experiências no ensino da língua
Objetivos da unidade:
— 1 – conceituar texto ;
— 2- indicar as razões do estudo prioritário de textos no ensino/aprendizagem de línguas;
— 3 – reconhecer os diferentes pactos de leitura dos textos.
1- TEXTO
— O texto será entendido como uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão." (TRAVAGLIA, Luiz Carlos.Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1997.p.67.)
1- Todas as nossas interações se processam por meio de textos.
2- Texto é toda e qualquer unidade de informação, no contexto da enunciação (expressão,manifestação, declaração). Nesse sentido, os textos aparecem nas mais diversas linguagens, classificando-se em verbais e não-verbais.
3- O texto independe de extensão.
4- O texto verbal pode apresentar-se na linguagem oral ou na linguagem escrita.
5- Leitura é o processo de atribuição de significado a qualquer texto, em qualquer linguagem.
2- DISCURSO
●Ao produzirem linguagem, os falantes produzem discursos. Mas o que é discurso?
Podemos definir discurso como toda atividade comunicativa entre interlocutores; atividade produtora de sentidos que se dá na interação entre falantes. O discurso se manifesta linguisticamente por meio de textos. Isto é, o discurso se materializa sob a forma de textos.
3- TEXTUALIDADE
— É a condição de um texto. É o que faz um amontoado de frases ou palavras um texto.
— É estabelecida pela coerência e não só pela coesão.
ATIVIDADES DO DIA:
●Apresentar as figuras fundo e conceituar leitura, leitor e interlocutor;
●Apresentar a história do Gato Feio e observar: argumentação X narração e intergenericidade X sequência tipológica.
Unidade 4: A intertextualidade
Objetivos da unidade:
— 1 – identificar os traços da intertextualidade em nossa interação cotidiana;
— 2 – identificar os vários tipos de intertextualidade;
— 3 – identificar os pontos de vista nas diversas interações.
INTERTEXTUALIDADE
A intertextualidade é o diálogo de um texto com outros textos:
.Forma
.Conteúdo
.Tipologia
VÁRIAS FORMAS DE INTERTEXTUALIDADE
— 1-paráfrase
— 2-paródia
— 3-pastiche
— 4-citação
— 5-epígrafe
— 6-alusão
— 7-referência
PARÁFRASE
Quando há uma fusão de vozes em um texto que se identifica com o outro, sem quebrar-lhe a continuidade. É a intertextualidade das semelhanças.
Na paráfrase sempre se conservam basicamente as ideias do texto original. O que se inclui são comentários, idéias e impressões de quem faz a paráfrase. Na escola, quando o professor, ao comentar um texto, inclui outras ideias, alongando-se em função do propósito de ser mais didático, faz uma paráfrase.
PARÓDIA:
A paródia é uma recriação de caráter contestador: ela mantém algo da significação do texto primeiro, mas constrói todo um percurso de desvio em relação a ele, numa espécie de insubordinação crítica que incomoda.
CANÇÃO DO EXÍLIO
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossas flores têm mais vidas
Nossas vidas mais amores.
Sem que eu volte para lá;
Sem desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste
as palmeiras
Onde canta o sabiá.
Canção do exílio facilitada
José Paulo Paes
lá?
ah!
sabiá...
papá...
maná...
sofá...
sinhá...
cá?
bah!
CANÇÃO DO EXÍLIO
Murilo Mendes
Minha terra tem macieiras
da Califórnia
Onde cantam gaturamos
de Veneza
Os poetas de minha terra
São pretos que vivem
em torres de ametista
Os sargentos do exército
são monistas, cubistas,
Os filósofos são polacos
vendendo a prestações
A gente não pode dormir
Com os oradores e pernilongos.
Os sururus em família têm
por testemunho a Gioconda
Eu morro sufocado em terra
estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas mais gostosa
Mas custam cem mil
réis a dúzia
Ai quem me dera chupar uma
carambola de verdade
ouvir um sabiá com
certidão de idade!
CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA
Oswald de Andrade
– Minha terra tem palmares
– Onde gorjeia o mar
– Os passarinhos daqui
– Não cantam como os de lá
– Minha terra tem mais rosas
– E quase mais amores
– Minha terra tem mais ouro
– Minha terra tem mais terra
– Ouro, terra , amor e rosas
– Eu quero tudo de lá
– Sem que eu volte pra
– São Paulo
– Sem que eu veja a rua 15
– E o progresso de São Paulo
RETIFICAÇÃO
Cláudio Herman Portugal
As palmeiras derrubaram
Para no lugar
construírem auto-estrada
O sabiá ganhou
um festival nos idos de 68
Mas está sendo
rapidamente exterminado
Ou anda preso em alguma
gaiola
O exílio de minha terra
deixou de ser uma canção
CACASO
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o tico-tico
Enquanto isso o sabiá
Vive comendo o meu fubá
Ficou moderno o Brasil
Ficou moderno o milagre:
A água já não vira vinho
Vira direto vinagre
Carlos Drummond
Meus olhos brasileiros
se fecham saudosos
Minha boca procura
a ‘’Canção do Exílio’.
Como era mesmo
a ‘’Canção do Exílio’’?
Eu tão esquecido de
minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
Cassiano Ricardo
Esta saudade que fere
Mais do que outras quiçá
Sem exílio, nem palmeira
Onde canta o sabiá...
Flávio Almeida
Minha terra tem paineira
na praça do grupo escolar,
que na meninice arteira
um dia cismei de plantar.
Cuidei-a, qual jardineiro,
a vi crescer, se esgalhar,
e em seu porte altaneiro
flores róseas a esbanjar.
Minha árvore regateira,
verdejante a sombrear,
farta paina sementeira
deixa ao vento vaguear.
Em trabalho prazenteiro
pus-me paina a ajuntar,
fiz macio travesseiro
para a cabeça pousar.
Em fibra de seda faceira,
quero dormir e sonhar.
Pluma, lã: a alma inteira,
leve, enfim, descansar.
Mônica Regina Eusébio
Meu amigo Gonçalves Dias,
recebi sua linda Canção do Exílio e de imediato me senti na obrigação de escrever-lhe a
CANÇÃO DA REALIDADE:
Na minha terra acabaram com as palmeiras
E mataram os sabiás
As aves que aqui gorjeiam
São mortas quando gorjeiam cá
Em nosso céu poluído não consigo ver as estrelas
Em nossas várzeas há
muito indivíduo desabrigado
dormindo,
nossos bosques não são
mais verdades.
há muitas casinhas de madeira
pergunto-lhe:
onde anda o amor de
nossas vidas?
Não permita Deus que
volte meu amigo Dias,
Para que sua morte não
seja de desgosto
E não desfrute de uma
grande dívida externa.
Além da ditadura civil
que não encontrava lá
Não volte Dias ,
para não saber do fim das
Palmeiras e dos sabiás.
Canção do exílio às avessas
Jô Soares
Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da Ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
Não fazem cocoricó.
O meu céu tem mais estrelas
Minha várzea tem mais cores.
Este bosque reduzido
deve ter custado horrores.
E depois de tanta planta,
Orquídea, fruta e cipó,
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem piscina,
Heliporto e tem jardim
feito pela Brasil's Garden:
Não foram pagos por mim.
Em cismar sozinho à noite
sem gravata e paletó
Olho aquelas cachoeiras
Onde canta o curió.
No meio daquelas plantas
Eu jamais me sinto só.
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Pois no meu jardim tem lagos
Onde canta o curió
E as aves que lá gorjeiam
São tão pobres que dão dó.
Minha Dinda tem primores
De floresta tropical.
Tudo ali foi transplantado,
Nem parece natural.
Olho a jabuticabeira
dos tempos da minha avó.
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Até os lagos das carpas
São de água mineral.
Da janela do meu quarto
Redescubro o Pantanal.
Também adoro as palmeiras
Onde canta o curió.
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Finalmente, aqui na Dinda,
Sou tratado a pão-de-ló.
Só faltava envolver tudo
Numa nuvem de ouro em pó.
E depois de ser cuidado
Pelo PC, com xodó,
Não permita Deus que eu tenha
De acabar no xilindró.
PASTICHE
Procura aproveitar a estrutura , o clima, determinados recursos de uma obra.
CITAÇÃO
Quando se coloca em um texto um conjunto de fragmentos de outros textos. O segundo texto procura deixar claro o texto original. No caso do texto verbal, o autor do original é indicado.
EPÍGRAFE
Tem as mesmas características da citação, mas tem localização fixa: aparece sempre como abertura do segundo texto.
REFERÊNCIA
É a lembrança de passagem ou personagem de outro texto;
ALUSÃO
É o aproveitamento de um dado de um texto, sem indicações ou explicitações.
Como realizar a intertextualidade?
A competência em leitura e em produção textual não depende apenas do conhecimento do código linguístico. Para ler e escrever com proficiência é imprescindível conhecer outros textos, estar imerso nas relações intertextuais, pois um texto é produto de outro texto, nasce de/em outros textos.
A essa relação (que pode ser explícita ou implícita) que se estabelece entre textos dá-se o nome de intertextualidade. Ela influencia decisivamente, como estamos afirmando, o processo de compreensão e de produção de textos.
Quem lê deve identificar, reconhecer, entender a remissão a outras obras, textos ou trechos. As obras científicas, os ensaios, as monografias, as dissertações, as teses, por exemplo, remetem explicitamente a autores reconhecidos, que corroboram os pontos de vista defendidos. A compreensão de uma charge de jornal implica o conhecimento das notícias do dia. A leitura de um romance, conto ou crônica aponta para outras obras, muitas vezes de forma implícita.
Nossa compreensão de um texto depende assim de nossas experiências de vida, de nossas vivências, de nosso conhecimento de mundo, de nossas leituras. Quanto mais amplo o cabedal de conhecimentos do leitor maior será sua competência para perceber que o texto dialoga com outros, por meio de referências, alusões ou citações, e mais ampla será sua compreensão.
As referências são muitas vezes facilmente perceptíveis, identificadas pelo leitor. Por exemplo, no anúncio publicitário sobre meias "Os fins justificam as meias", o leitor percebe de imediato a recriação da máxima "Os fins justificam os meios". Há, por outro lado, referências, alusões muito sutis, compartilhadas ou identificadas apenas por alguns leitores, que têm um universo cultural, um conhecimento de mundo muito amplo. O texto a seguir ilustra o que foi dito.
ATIVIDADE 1:
Cada grupo irá produzir um texto empregando nomes de:
1.Perfumes
2.Carros
3.Times de futebol
4.Cidades
5.Grifes
6.Filmes
7.Eletrodomésticos
8.Cursinhos
9.Bebidas
10.Programas de TV
ERA UM FUSCA
Era um fusca muito engraçado
Não tinha dono, não tinha nada
Ninguém queria andar nele não
Porque volante não tinha não
Ninguém queria encostar nele
Porque o fusca dava coceira
Ninguém podia fazer “Bi Bi”
Porque buzina não tinha ali
Mas era feito de lata velha
E fica exposto no ferro velho.
Autoras: Dayhana, Eliane, Lediane.
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Dizem que o seu Conexion
Voa mais que um
Fórmula 1. dizem que seu
Capricho, só tem cheiro de mel.
Vai seduzir Portinari em
Plena floresta fechada.
Autores: Iranildo, Marina, Jaqueline.
CEVADA QUALQUER
Brahma nas prateleiras,
Cristal nas geladeiras,
Sol: Kaiser, Polar.
A Skol desce redondo
A Antarctita é uma boa
Um copo mando buscar
Beber...degustar, cantar
Eta vida Bohemia, Meu Deus!
Autores: Edivino, Sandra e Marciane.
XOTE PEDAGÓGICO
Eu quero educar
Eu quero educar
A sala é uma bagunça
Não dá pra concentrar.
O professor se esforça
Não dá pra trabalhar
O salário é uma merreca
Não dá nem pra comprar
O leitinho do neném que não
Pára de chorar.
Eu quero educar
Eu quero educar
Ai meu Deus do céu
Quando isso vai mudar
Até a bananinha, tem que comer lá
No Gestar.
Cadê o meu salário cobrador comeu
Cadê o meu certificado a troça comeu
A minha hora atividade o governo não deu.
E nem um professor ele reconheceu.
Autores: Lucinéia, Alexsandro, Raimunda.
Atividade da oficina:
Em grupo de três cursistas, planejar uma atividade de leitura e produção de texto a partir da leitura da fábula: A língua.
Algumas perguntas para orientar a interpretação dos alunos:
A- Como preparação para a leitura, podem ser feitas perguntas como: Você já ouviu falar em fábula? Conhece alguma? Qual? Como você sabe que um texto é uma fábula?
B- Pelo título da publicação, percebemos tratar-se de uma fábula. Mas ela apresenta algumas diferenças em relação às fábulas mais comuns. Quais são elas?
C- A moral da fábula, de todo modo, aparece nesse texto. Onde se encontra?
D- Como se contrastam as personagens da história?
E- A personagem que finaliza a fábula é, pela tradição, adequada para ter a fala final?
Sugestão para a produção de textos dos alunos
É obvio que as possibilidades de sugestão são as mais variadas. Sugerimos algumas, como forma de ampliar esse universo, mas as propostas dos cursistas não serão desconsideradas.
A língua é uma metáfora da palavra. Se seus alunos são de 1ª fase, proponha- lhes a criação de uma história (uma fábula moderna, talvez) em que fiquem claros os poderes tão distintos da palavra. Discuta com eles como será a leitura das suas produções.Poderia ser criado um álbum/livro, com as melhores histórias, ou com todas, depois de avaliadas e reescritas. Poderiam ser feitas ilustrações, que criariam intertextualidade com os escritos.
Para as turmas de 2ª ou 3ª fase , sugerimos que realize uma sessão de cinema, em que seus alunos assistiriam ao filme Central do Brasil. Trabalhe com eles , no decorrer do filme , o longo processo de transformação da professora aposentada Dora, a partir de uma dolorosa substituição gradual de pontos de vista. O filme é um primor, nesse aspecto.
Depois do debate sobre o filme, os alunos podem fazer um comentário escrito, a ser exposto no mural da escola, ou um cartaz de propaganda, convidando as famílias a verem o filme.
RELATÓRIO DO ENCONTRO:
Nos dias 16 e 17/10/2009 realizamos a 2ª oficina do TP1 e também finalizamos o estudo deste TP. Participaram do encontro 15 professores cursistas. No primeiro momento fizemos um estudo das duas últimas unidades deste TP que tem como foco o estudo do texto e a intertextualidade. O resumo acima foi o ponto de discussão do encontro.
No 2º momento os professores produziram um texto em coletivo como sugeria a atividade um. Após a elaboração textual todos expuseram seus trabalhos. E os textos seguem editados abaixo.
No 3º momento desenvolvemos a atividade do TP das páginas 172 e 173. O objetivo foi desenvolver uma atividade de leitura e produção textual e aplicar em sala de aula nos próximos 15 dias, trazendo o resultado para o próximo encontro. A turma foi dividida em grupo de três integrantes e a série para a aplicação da atividade foi o 1º ponto a considerar no planejamento da aula. Para auxiliar o grupo apresentamos a sugestão de perguntas e atividades de produção descrita acima. Concluindo, cada grupo apresentou sua proposta de trabalho para a os demais e todos puderam sugerir melhoras. No próximo encontro faremos a avaliação das atividades trabalhadas em sala de aula.
O último momento foi destinado a comentários sobre a oficina e apresentação do próximo assunto, ou seja, o estudo das duas primeiras unidades do TP2.